PROJETO COMPARTILHAR

Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira

www.projetocompartilhar.org

 

 

 

NUNES DE PONTES

de São Paulo

 

Esta família teve inicio com o casamento de Pedro Nunes e Catarina de Pontes, provavelmente realizado em São Paulo pouco depois de chegadas noticias do aniquilamento da bandeira de Martim Rodrigues aos Bilreiros, em 1612. Foram moradores na paragem Ipiranga, mas também possuiram sítios em “Birapoera” e “Goarapiranga”.

 

Foi o terceiro casamento de Pedro, o segundo de Catarina e o último de ambos, ela falecida em 1620 e inventariada em 1621. Ele faleceu em 1624.

 

Pedro Nunes e Catarina de Pontes

 

Tiveram três filhos:

 

1- Pedro Nunes de Pontes, principal responsável pela difusão do apelido da família. Segue no Cap. 1º

2- Maria Nunes de Pontes - Cap. 2º

3- Ana, com sete meses em 1621 (inventario materno), faleceu antes do testamento do pai (1623).

 

 

Assinaturas

 

 

 

Cap. 1º

PEDRO NUNES DE PONTES

(atualizado em 23-janeiro-2017)

 

Regina Moraes Junqueira

 

Pedro Nunes de Pontes, filho de Catarina de Pontes e Pero Nunes, com 8 anos em 1621. Casou por volta de 1630 com Ignez Domingues Ribeiro, filha de Pedro Domingues e de Maria Mendes - família “Amaro Domingues”, neste site.

Memórias e testemunhos do inicio do século XVIII atestam que o casal se afazendou às margens do Rio Pirajussara onde tinham suas lavouras e criações e onde viviam muitos índios seus administrados. Na vila tiveram casa de dois lanços junto à Igreja de São Francisco.

Pedro faleceu com testamento redigido aos 12-03-1659 quando estava acamado. Nele determinou que seu corpo fosse sepultado na Igreja do Carmo onde tinha sepultura própria, e que fosse acompanhado pela Cruz da Santa Casa de Misericordia de onde era irmão. Por seu falecimento foi aberto inventário dos bens do casal na vila de São Paulo aos 13-05-1659.

Ignez faleceu nos arredores de Itapecerica, em casa de seu filho Antonio com a assistência espiritual de seu filho Padre Belchior e foi sepultada na na Igreja de São Francisco.

Testemunhas ouvidas pelo Padre Manoel da Fonseca assim descreveram os últimos dias de Ignez.

Em casa de Antonio Domingues de Pontes, vizinho de Itapycyryca, viveo alguns annos Ignes Domingues Ribeyra mãe do nosso Padre Belchior; chegou ella a idade decrepita, e com qualquer accidente, que lhe sobrevinha, se amotinavam os de casa, persuadidos que morria. Escre

via logo Antonio Domingues ao Padre pedindo-lhe que acudisse a sua mãe que estava proxima da morte. Elle porem, sem sahir da Aldeia, respondia que lhe dessem de comer; porque estaria fraca, pois não era ainda chegada a sua hora. Com estes avizos, e respostas se passaram

alguns tempos, quando em huma tarde em que menos se esperava, passando pela porta de Justina Luiz, por onde então era o caminho, a convidou a ir no dia seguinte ouvir Missa a casa de sua mãe, que ficava vizinlía, dizendo-lhe que hia fortalece-la com os Santos Sacramentospara o caminho da eternidade, cujas portas se lhe abririam infallivelmente daquella vez. Respondeo a muIher que não podia ser o que dizia, porque no dia antecedente a tinha vizitado, e nunca a tinha achado com sinaes mais certos de vida, do que naquella occasião. Elle porem a assegurou que infallivelmente havia de morrer.

Com isto se despedio, e tanto que chegou a casa da mãy, começou logo a dispensa-la, dizendo-lhe que vinha confessa-la, e Sacramenta-la; porque só isso lhe convinha naquella hora: que não temesse a morte, pois só devia temer a conta, que havia de dar a Deos. Ela, como sempre viveo com este cuidado, respondeo animoza que havia ja muitos annos que esperava tão tremenda hora, e que conhecia muito bem que havia de morrer. Com isto se consolou muito o Servo de Deos, e na manhaa seguinte a confessou, e Sacramentou, detendo-se na mesma casa até a tarde, e quando foy tempo de dar sinal as Ave Marias entregou aquella ditoza mulher a alma, nas mãos de seu Creador entre os suaves colloquios, com que seu mesmo filho a ajudou a bem morrer.

FONSECA, Manoel da “Vida do Venerável Padre Belchior de Pontes”, Lisboa, 1752, Ed Melhoramentos 1932 Pgs 173

 

RMJ Santo Amaro Óbitos, 1686-1720. Aos 14-05-1695 faleceo Ignes Domingues molher viúva sem testamto foi sepultada na Igreja de S. Frco       Cosme Gonçalves

 

No inventário de Pedro Nunes de Pontes, resumido neste site em “SAESP não publicados”, compareceram, pela ordem, os seguintes filhos do casal:

 

§ 1 Catarina de Pontes

§ 2 João de Pontes

§ 3 Salvador de Pontes do Canto

§ 4 Ines Domingues Pontes

§ 5 Manoel de Pontes

§ 6 Belchior de Pontes

§ 7 Antonio Domingues Pontes

§ 8 Mariana de Pontes

§ 9 Ana de Pontes

§ 10 José Domingues de Pontes

§ 11 João de Pontes, padre

§ 12 Sebastiana de Pontes

§ 13 Maria Domingues de Pontes

 

 

§ 2º João de Pontes

Nascido por 1633, com 25 anos em maio de 1659. Se fosse ele o Reverendo Padre João de Pontes, teria falecido com mais de cem anos, quando é certo que o padre faleceu em 1737 com oitenta e alguns anos. Sobre este João de Pontes, não se encontrou nenhuma outra referência.

 

 

§ 4º Ines Domingues Pontes

SL 8º,121, 3-9 ...foi casada e teve q. d.:

4-1 Padre Antonio de Pontes, da companhia de Jesus (Vida do padre Belchior de Pontes)

 

Com 19 anos e solteira em 1659, provavelmente é a que foi batizada na Igreja Matriz de N Sra da Assunção em maio de 1641, com assento hoje muito danificado e comprometido:

ACMSP: Nossa Sra da Assunção – batismos 1640 a 1662 --- Mayo (1641) Pº Nunes de –o-tes e ---mulher ---es dom—gues. Padrinhos A-dre –endes Ribrº e -- -.

 

Sobre o filho Antonio de Pontes, relacionado por Silva Leme, não encontramos documento nem menção nos escritos do Padre Serafim Leite.

 

Um ou mais descentes de Pedro Nunes de Pontes, ainda desentroncados referidos no fim deste, podem ter sido filhos ou mais provavelmente netos de Ines.

 

 

§ 5º Manoel de Pontes

 

Batizado na Sé de São Paulo em 10-10-1642.

RMJ Igreja Nossa Sra da Assunção (Sé de SP) Batismos Aos 10-10-1642 Manoel, filho de Pedro Nunes Pontes e Inês Domingues. Padrinhos: Aleixo Leme e ??? Dias

 

Contava 18 anos no inventário do pai, no qual foi chamado e compareceu nas partilhas por sí mesmo, sem mais referências documentais. Nos livros paroquiais de Santo Amaro aparece com frequência um desse nome como padrinho ou testemunha.

 

 

§ 6º Belchior de Pontes

 

Belchior ou Melchior de Pontes como se assinava, foi batizado aos 06-12-1644.

RMJ Nossa Sra da Assunção (Matriz de SP) Batismos 1640-1642. Aos 06-12-1644 Belchior, filho de pº nunes de pontes e Inês Domingos, pa.os Jorge de Souza e mª de siqrª

 

Em 25-07-1670 entrou na Companhia de Jesus, seguindo para a Bahia onde cumpriu o noviciado. Segundo os autores que consultaram superiores ou os arquivos jesuíticos, como os padres Manoel da Fonseca e Serafim Leite, Belchior não tinha talento suficiente para se aprofundar nos estudos, mas sim uma profunda piedade. Voltando para São Paulo fez os votos de Coadjutor Espiritual no Colégio de Santo Inacio. Sua fluência na língua brasílica o levou a ser lotado nas aldeias indígenas, com a missão de catequizar e cuidar da vida espiritual dos índios. Padre Belchior serviu por mais de quarenta anos nas aldeias de Carapiquiba, Araçoiaba, Araçariguama, Embu, Itaquaquecetuba, São José e muitas outras.

Prevendo a morte, recolheu-se no convento de São Paulo onde faleceu às três horas da tarde de uma sexta feira, dia 22-09-1719, conforme tinha previsto e mandado anunciar às sobrinhas freiras e ao irmão, Padre João de Pontes.

Alguns anos depois, servindo na Aldeia de Itapecerica, o jesuita Manoel da Fonseca se impressionou com os relatos sobre a vida do Padre Belchior. Ouvindo testemunhas oculares, consultando párocos e documentos, escreveu a biografia do padre Belchior de Pontes. Fora os exageros e aumentos, é leitura obrigatória para aqueles que quiserem saber mais sobre ele que “não é o mais insigne jesuita de São Paulo, mas o mais popular” no dizer de Serafim Leite S.L. na sua Historia da Companhia de Jesus no Brasil.

 

FONSECA, Manoel – Vida do Venerável Padre Belchior de Pontes, Lisboa, 1752, reedição Ed Melhoramentos 1932.

 

§ 9º Ana de Pontes

Batizada em São Paulo aos 07-05-1650

(RMJ) ACMSP : Nossa Sra da Assunção – batismos - Aos 07-05-1650 – Anna filha de Pº Nunes de Pontes e sua mulher Ignes Domingues. Batizada pelo Padre Lima (Salvador Lima do Canto)

 

 

§ 10º José Domingues de Pontes

 

SL 8º, 120, 3-6 José Domingues de Pontes foi casado 1.ª vez com Suzanna Rodrigues f.ª de Antonio Paes e de Anna da Cunha, V. 4.° pág. 481; 2.ª vez casou José Domingues em 1681 com Anna Maria das Neves Pires. Com geração no V. 2° pág. 158. Faleceu Suzanna Rodrigues em 1672 e teve a f.ª: 4-1 Anna

 

José foi batizado na Matriz de São Paulo aos 06-08-1652, com sete anos quando morreu o pai.

(RMJ) ACMSP Nossa Sra da Assunção – batismos - Aos 06-08-1652 – Joseph filho de Pº Nunes de Pontes e Ignes Domingues. Padrinhos: ---- e Izabel Henriques.

 

José Domingues de Pontes casou com Suzana Rodrigues, filha de Antonio Paes e Ana da Cunha, inventariados em 17-04-1675 (SAESP vol. 19º). Suzana, inventariada em 12-03-1672, em seu testamento disse ter sido casada com José Domingues de Pontes, com filha única de seu casal e determinou fosse sepultada na cova de sua avó Suzana Rodrigues. Antonio Domingues de Pontes, seu cunhado, foi seu inventariante.

Departamento do Arquivo do Estado de São Paulo

Inventários e Testamentos não publicados

Pesq.: Fabricio Gerin/Bartyra Sette

Inventariada Suzana Rodrigues

Autos aos 12-03-1672 nesta vila de S. Paulo.

Inventario de Suzana Rodrigues, mulher que foi de Jose Domingues (aa) Jose Domingues de Pontes.

Inventariante Antonio Domingues, irmão do dito viuvo (aa) Antonio Domingues de Pontes.

titulo dos Filhos: [danificado] Ana de 2 anos.

Testamento: (...) meu corpo seja sepultado na matriz, na cova de minha avó Suzana Rodrigues.

Sou casada com Jose Domingues, do qual tenho uma filha chamada Ana.

Testamenteiros meu cunhado Antonio Domingues.

Meu pai me deve de dote mais uma -----

Cumpra-se ??-01-1672

 

Segundo Silva Leme, José casou segunda vez com Ana Maria das Neves Pires, filha de Antonio das Neves e Messia Rodrigues. Era viúvo em 1704, quando prestou depoimento no processo de habilitação sacerdotal do Padre Pedro de Arzão.

 

José e Suzana tiveram:

1- Ana, com dois anos em 1672. Em 1675 foi arrolada como herdeira no inventário dos avós maternos, neste site.

 

Silva Leme encontrou uma filha de José e Ana Maria:

2- Maria de Pontes Pires, casada primeiro com Antonio Cardoso da Silveira e em segundas com Lucas de Camargo Ortiz. Geração de Lucas e Maria em SL 1º; 311

 

 

§ 11º João de Pontes, padre

 

 

Segundo filho deste nome do casal Pedro Nunes de Pontes e Ines Domingues, foi batizado em São Paulo por seu tio materno o padre carmelita João de Cristo.

(RMJ) ACMSP códice 2-1-1, Batismos 1640 a 1662, Igreja de N Sra da Assunção - Agosto de 1654 –Joam fº de Pº Nunes de Pontes e de Ignes Domingues. Padrinhos: Pedro Branco e Maria Maciel. Frei João de Christo.

 

Este João, e não seu irmão homônimo, foi o sacerdote do habito de São Pedro que assumiu em 1686 o vicariato da recém criada freguesia de Santo Amaro, função que exerceu por muitos anos.

“Dia 15 de Janeiro de 1686 foi curada a Freguesia de Santo Amaro e feito Vigário dela o Padre João de Pontes”

 

Padre João manteve em suas casas na vila e no campo inúmeros escravos, administrados e agregados, conforme se vê nos livros paroquiais. Alguns deles anexaram o “Pontes” de seu senhor ao nome de batismo, e o transmitiram aos descendentes, dando origem a várias famílias deste apelido sem laços de parentesco entre sí. Como foi o caso da família “Pontes Rasquinho” advinda do casamento de Domingos Rasquinho, preto forro vindo da Guine, com Luzia de Pontes, escrava da casa do Padre Pontes, depois alforriada. Com filhos e netos naturais de Santo Amaro, ramos se alastraram para o sul e para as minas, onde encontramos muitas familias “Pontes” com esta origem.

Reverendo João de Pontes viveu mais de oitenta anos e faleceu aos 06-02-1737 com testamento hoje desaparecido, parte dele anotada em seu assento de óbito:

(RMJ) ACMSP códice 4-2-38 Santo Amaro – Óbitos 1725 a 1773. Aos seis de Fevereiro de mil setecentos e trinta e sete faleseo da vida prezte o Revdo Pe João de Pontes Sacerdote do Habito de São Pedro de idade de oitenta e tantos anos com todos os Sacramtos era natural desta freguesia Fes seu testamento em o qual deixa ser enterrado no pateo da Igreja ou onde seus testamenteiros dipuzessem amortalhado nos paramentos Sacerdotais. Deixa por sua alma trez missas a Sma Trindade além da missa de corpo prezente. Testamenteiros: Reverendo Padre Salvador Garcia, o Captm Josph Alz’ Torres e sua sobrinha Maria da Anunciação beata carmelita. Nomeou por herdeiras suas sobrinhas Maria da Anunciação e Ignes da Anunciação beatas carmelitas e por morte delas Tereza de Souza, Pedro da Silva e Delfina da Silva que se criaram em sua casa. O Vigario Antonio Moniz Marianno

 

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DESENTRONCADOS

 

1d- Maria da Anunciação, beata carmelita, neta de Pedro Nunes de Pontes. Citada na biografia do Padre Belchior. Testamenteira e uma das herdeiras nomeadas pelo Padre João de Pontes.

 

2d- Ines da Anunciação, também beata e neta de Pedro Nunes de Pontes. Herdeira do tio, Padre João de Pontes.

 

3d- Inacio de Pontes, casou com Tereza Barbosa. Filhos q.d:

3d-1 – Julio, batizado em 1722.  A época do nascimento de Julio sugere que seu pai seria bisneto e não neto de Pedro Nunes e Catarina de Pontes

Matriz de Santo Amaro – Batismos – Aos 12-04-1722, Julio; filho legitimo de Inacio de Pontes e Tereza Barbosa; foram padrinhos Antonio Vidal e Ana de Pontes

3d-2 Pedro batizado em 1724

Matriz de Santo Amaro – Batismos – Aos 10-04-1724; Pedr, filho legitimo de Inacio de Pontes e Tereza Barbosa. Padrinhos Martinho Pires e Maria de Proença

 

4d- Ines de Pontes, coetânea de netos Pedro Nunes de Pontes, foi casada com Miguel Rodrigues Garcia, moradores em Santo Amaro. Pais ao menos de:

4d -1 Antonio, batizado em 1721.

Matriz de Santo Amaro – Batismos – Aos 14-02-1721; Antonio, filho legitimo de Miguel Rodrigues Garcia e Ines de Pontes; Ignacio de Pontes casado e Apolonia --- solteira