PROJETO COMPARTILHAR

Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira

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JOSÉ ALVES PRETO

Inventário

 

Museu Regional de São João del Rei

Caixa: C_47

Ano: 1807

Data: 18-06-1807

Inventariado: Capitão José Alves Preto.

Inventariante: Joaquina Narcisa de Bitancourt.

Local : São João del Rei.

Transcrito por: Edriana Aparecida Nolasco a pedido de Regina Moraes Junqueira

 

Fl. 01

Inventário dos bens que ficaram por falecimento do Capitão José Alves preto de quem é viúva e Inventariante sua mulher Joaquina Narcisa de Bitancourt.

Data: 18 de Junho de 1807.

Local: Vila de São João del Rei, Minas e Comarca do Rio das Mortes em casas de morada de Joaquina Narcisa de Bitancourt.

 

Fl. 01v. DECLARAÇÃO.

... declarou haver falecido o dito seu marido em o dia vinte e quatro de Fevereiro do corrente ano, sem Testamento (...).

 

Fl. 02 :

FILHOS

01- Jose Alves Preto, solteiro, de idade de quinze anos.

 

BENS

- Uma morada de casas cobertas de telhas assoalhadas e parte forrada de esteira ou madeira com um telheiro místico que servem de tenda de ferrador, com seu quintal com suas árvores de espinhos e portão para cima situada na Rua do Tejuco que partem com José Soares Rodrigues e com Inácia de Tal (...)             200$000.

- Uma chácara situada na Praia com uma pequena casa coberta de telha cercada de adobos com árvores de espinhos que parte com Rita Pereira e com João da Silva (...)                     160$000.

 

Diz Marcelino Jose Alves Preto, herdeiro habilitado no Inventário que se tem procedido por falecimento de seu pai natural o Capitão Jose Alves Preto de quem é Inventariante sua mulher Joaquina Nazaré (?) de Bitencourt não tem esta adido ao mesmo Inventário quanto deveria dar e adir (...).

 

Diz Joaquina Narcisa de Bitancourt e o tenente Julião de Souza Assenço, viúva e Tutor dos órfãos do falecido Capitão José Alves Preto, que inventariando como bens do seu casal uma dívida de 76$800 réis que do mesmo devia Marcelino, pardo, filho do mesmo falecido, alegou este que o dito seu pai lhe dera a dita quantia para o tirar do cativeiro (...) e porque não devia vir a colação com esta quantia devendo ela ser excluída do respectivo Inventário, sobre o que mandou V. M. responder os suplicantes o que agora aqui fazem, declarando como de fato declaram a suplicante viúva que nunca consentiu nem consente em semelhante doação ou dádiva, tanto por esse liberto não ser seu filho, quanto por não ser isso para ação remuneratória (...).

 

MONTE MOR: 1:009$902

 

AUTO DE CONTAS

Data: 29 de Agosto de 1814

Local: Vila de São João del Rei.

 

Do órfão José Alves Preto

... este órfão tem vinte e três anos pouco mais ou menos, vive solteiro e se aplica aos estudos de gramática, com bom comportamento (...).

 

DÍVIDAS PASSIVAS

 

-Capitão João Batista Machado      69 ¾ 2

- Capitão Gonçalo Ferreira de Freitas     52$409

- Irmandade do Santíssimo     3 ½

- Irmandade da Boa Morte     12 ½

- Capitão Gregório José Ribeiro      11$830

- a Felipe Rodrigues Costa      4 ½ 5

- Capitão Alexandre Pereira Pimentel    28$000

- Capitão Manoel Costa Vilas Boas      22$144

- Isidoro José de Santana      25$142

-João Antonio Pereira     31$147

-                  da Fonseca Matos    135$000

-Alferes Jeronimo José Rodrigues        54 ¾ 5

- Capitão Caetano Jose de Almeida      12 ¾ 2

- Jose Alexandre /Toucinheiro         5$700

- Doutor Jose Gonçalves Gomes      5 ¾ 3 ½

- Antonio Martins Coelho     10 ¼ 4

- Manoel Gonçalves da Mota / Toucinheiro       1 ½ 1

- Reverendo Vigário do Funeral do falecido   6 11

- Documento funeral     0 ½ ½

- Joana Silveira    1 ¼ 3

- Alferes Joaquim Jose de Santana Rego    2 ¾ 5

- Doutor Faustino José de Azevedo físico mor do exame de cirurgia    10 11

- Doutor Bernardo Leite de Faria e Souza   13 11

- Capitão João Dias Rosa    13$365

- Bento José de Faria e Souza   18 11

- Capitão João de Souza Caldas    6 ¼ 2

- Sargento Mor João Pereira Duarte   15$215

 

INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS

TESTEMUNHA 01

-Flavio Fernandes Lopes (pardo, solteiro, natural desta Vila e nela morador, vive de seu negócio, 35 anos).

DEPOIMENTO:

... o casal do Justificado o Capitão José Alves Preto deve ao Capitão João Batista Machado a quantia (...) e outros (...)

 

TESTEMUNHA 02

- Bento José de Faria e Souza (branco, solteiro, natural da Freguesia de Santa Maria da Vila Nova         Termo de Guimarães, Arcebispado de Braga, morador nesta Vila, vive de seu negócio, 70 anos).

DEPOIMENTO: (Idem)

 

TESTEMUNHA 03

- Felipe Rodrigues Costa (pardo, casado, natural desta Vila e na mesma morador, onde vive do ofício de sapateiro, 64 anos).

DEPOIMENTO: (Idem)

 

TESTEMUNHA 04

- Jose Soares Rodrigues (preto, crioulo, natural desta Vila e na mesma morador, onde vive  de ser carapina, 57 anos).

DEPOIMENTO: (Idem)

 

 

Diz Marcelino José Alves, homem pardo, liberto, natural desta vila e nela morador (...)

... que o falecido José Alves Preto, homem pardo, em tempo que era escravo do Doutor Manoel José Dias, e no estado de solteiro, teve de sua parda, por nome Arcângela, mulher solteira, recolhida, escrava do mesmo Doutor Dias, ao Justificante Marcelino José Alves (...)

... desde o ponto em que nasceu o Justificante Marcelino sempre o referido José Alves Preto o reconheceu e teve por seu filho, assim no estado de cativeiro como no da sua liberdade, tratando, vestindo ao mesmo Justificante em sua menoridade, fazendo-o aplicar a escola e ao ofício de Barbeiro de que usa.

... que pretendendo libertar-se o Justificante e tendo para isso uma porção de dinheiro e faltando-lhe parte ou meia libra de ouro, o dito seu pai José Alves, então já livre, se obrigou e pagou essa parcela ao dito Doutor dias Senhor que foi do Justificante ...

(...) que passando o dito pai do Justificante dito José Alves Preto a casar-se com Joaquina Narcisa de Bitencourt de cujo matrimônio tiveram um filho por nome José que hoje tem a idade de quinze anos os quais sempre reconheceram ao Justificante por Irmão e filho de seu marido, em cuja casa cotidianamente entrava como parente e filho da mesma praticando todos os atos disso, (...)

(...) que tanto aquele Justificante é filho natural daquele falecido José Alves Preto quanto em altura, gesto, configuração, cor, fala, e em tudo mais de seu modo e maneiras se parece com ele dito seu pai José Alves Preto (...).

(...) que o referido José Alves Preto é falecido como mostra de certidão junta e por falecer sem Testamento é que não declarou ao Justificante por seu filho natural, e seu herdeiro, por não haver entre ele dito falecido José Alves Preto e aquela Arcângela Jorge, parda, forra, parentesco nem compadresco de qualidade algum para livremente se poderem casar, sendo como eram ambos solteiros (...).

 

ÓBITO

Em um livro a folha 378v. acha-se o seguinte:

Aos vinte e quatro de Fevereiro de mil oitocentos e sete foi sepulto dentro desta Matriz o Capitão José Alves Preto casado com Joaquina Narcisa de Bitancourt, e recebeu na enfermidade todos os sacramentos e foi acompanhado com o acompanhamento solene e sua alma encomendada.

O Coadjutor Manoel Antonio de Castro.

Por ser verdadeiro o assento extraido juro aos Santos Evangelhos.

São João del Rei, 05 de Março de 1807.

O Vigário Joaquim Mariano da Costa Amaral Gurgel.

 

INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS

TESTEMUNHA 01

- o Capitão José Alves Justino (branco, casado, natural desta Vila e de presente morador no Brumado, vive de roça, 44 anos).

DEPOIMENTO:

Conheceu ao Capitão José Alves Preto, mesmo em tempo em que era escravo do Doutor Manoel José Dias, e foi público nesse tempo que tendo comunicação com uma escrava do mesmo Doutor chamada Arcângela, recolhida (...) (...) disse que por muitas vezes confessou o dito José Alves Preto a ele testemunha ter seu filho (... ?) moço no estado de cativeiro como depois de ser liberto (...?).

(...) foi o Justificante muito tempo barbeiro de seu pai e muitas vezes viu ele testemunha entrar na sua casa onde o tratava por seu filho (...)

(...) e se vê ter o Justificante muitas aparências com o dito seu pai, que representa a mesma altura, gesto e fala.

 

TESTEMUNHA 02

- Reverendo Manoel Jose Dias (branco, presbítero secular do Hábito de são Pedro e de presente morador nesta Vila e da mesma natural, vive de suas ordens, 41 anos).

DEPOIMENTO (Idem).

 

TESTEMUNHA 03

- Dona Barbara Quitéria Dias (branca, solteira, natural desta Vila e na mesma moradora, vive de suas costuras, 44 anos).

DEPOIMENTO (Idem).

 

TESTEMUNHA 4

- Alferes Manoel Rodrigues de Matos (pardo, casado, morador nesta Vila, vive de seu negócio, 40 anos, natural desta Vila).

DEPOIMENTO (idem).

 

Diz Marcelino José Alves, homem pardo, natural desta Freguesia, filho natural de Arcângela Jorge, mulher parda, escravos, que foram do Doutor Manuel José Dias e hoje libertos (...)

 

Certifico que revendo o Livro sétimo dos Batizados nele a folha 279 se acha o Assento do teor seguinte:

Aos dezoito dias domes de Abril de mil setecentos e setenta nesta Matriz de Nossa Senhora do Pilar desta Vila de são João del Rei, batizei e pus os santos óleos a – Marcelino, filho de Arcângela parda escrava de Dona Antonia Xavier da Conceição, o qual nasceu a seis do dito mês: foram padrinhos o Reverendo Joaquim Pinto da Silveira pelo qual tocou seu filho menor de sete anos Bernardo Carlos Pereira da Silva todos desta Vila moradores.

O Coadjutor José Rodrigues Guimarães, digo, Rodrigues da Cruz.

E nada mais se continha em o dito assento a que me reporto e juro.

Vila de São João, 1º de Julho de 1807.

O Coadjutor Manoel Antonio de Castro.