PROJETO COMPARTILHAR

Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira

www.projetocompartilhar.org

 

 

JOSÉ DE FARIAS

Testamento

 

Museu Regional de São João del Rei

Tipo de Documento: Testamento

Período:  1817-1818

Fonte: Livro nº 26

Testador: José de Farias

Testamenteiro: Roque Francisco de Farias

Transcrito por Edriana Aparecida Nolasco a pedido de Alda Câmara Bueno de Moraes

 

fls. 50v.

Registro do Testamento de José de Farias de que é seu testamenteiro Roque Francisco de Farias

 

Em nome de Deus. Amém.

Eu José de Farias faço meu Testamento na forma seguinte.

Declaro que sou católico apostólico romano na fé que professo e protesto viver sempre, e morrer na mesma fé, ajudando-me Deus na sua divina graça como também espero pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo salvar a minha alma.

Declaro que sou filho natural de Vitória Dias Ferreira, já falecida, nascido e batizado nesta freguesia de Santo Antonio da Itaverava termo da Real vila de Queluz Comarca do Rio das Mortes aonde vivo.

Declaro que nunca fui casado, sempre vivi solteiro e não tenho filhos descendentes e nem ascendentes que possam herdar os meus bens e por essa razão faço as minhas disposições na forma seguinte:

Declaro que os meus Testamenteiros serão os seguintes: em primeiro lugar peço e rogo a Roque Francisco de Farias, haja de aceitar este meu Testamento e ser meu Testamenteiro, em segundo lugar a Luís José de Farias junto com o Capitão Antonio Pedro de Azevedo Dantas, ambos in solidum para o dito Capitão o guiar e suprir alguma falta que possa haver, em terceiro lugar ao Capitão Antonio José Ferraz, em quarto lugar ao Tenente Bento Manoel Martins Lopes (...).

(...)

Declaro que sou indigno irmão de Nossa Senhora do Monte do Carmo e quero que o meu corpo seja amortalhado e envolto no hábito da mesma ordem (...) e será sepultado na capela de São Gonçalo de Catas Altas desta matriz (...).

(...)

Declaro que meu testamenteiro mandará dizer dez missas por alma do falecido Bernardo Gonçalves Lages, ditas no mesmo altar privilegiado.

(...)

Declaro que meu testamenteiro mandará dizer duas missas pela alma de minha irmã Francisca e outras duas pela alma de minha irmã Joaquina, já falecidas, no mesmo altar privilegiado.

E assim, mais duas missas no mesmo altar pela alma de meu irmão Luís, já falecido.

Declaro que meu testamenteiro mandará dizer duas missas pelas almas de João Rodrigues dos Santos e Francisco Rodrigues dos Santos, já falecidos, no mesmo altar privilegiado.

(...)

Declaro que meu testamenteiro dará a minha irmã Ignacia de Faria sessenta e cinco mil réis para ajuda de comprar um escravo e caso eu lhe dê em minha vida, com recibo dela, ficará esta verba satisfeita (...)

Declaro que meu testamenteiro dará aos herdeiros de minha prima Ana Maria de Farias, um por nome Manoel Acacio e outra de nome Silvéria a quantia de vinte mil réis a cada um.

(...)

Declaro que pagas as minhas dívidas e satisfeitas as minhas disposições e determinações na forma deste meu testamento, o restante dos meus bens quero e é minha última e derradeira vontade que sejam meus herdeiros universais de todo o restante e em igual parte a Roque Francisco de Farias e Luís José de Farias por serem criados em minha casa e me terem sido sempre gratos e me terem servido bem, e por este modo quero que fiquem pagos de algumas porções que eu lhe devia pagar, pois me tem servido bastante anos.

(...)

Declaro que sou senhor e possuidor de uma fazenda de cultura sita ao pé do Rio da Itaverava aonde moro, com engenho de cana, casas de vivenda e paiol e moinho, tudo coberto de telha que se compõem de capoeiras e alguns matos virgens, que partem pela parte de baixo com o Capitão Francisco Rodrigues Milagres e pela parte de cima com Dona Rosa e com quem mais deva e haja de partir, e os escravos que possuo constam do Rol da Desobriga (...).

(...)

(...) por me achar falto de vista, impossibilitado de escrever e assinar, pedi e roguei a Felipe Fernandes Fraga que este meu Testamento me escrevesse e como testemunha assinasse e depois de me ser lido e o achar conforme pedi e roguei ao Guarda Mor Luís Manoel Gonçalves que este por mim assinasse (...).

Engenho do Farias, 4 de Dezembro de 1817

José de Farias

 

fls. 52v. - Aprovação

Data: 04-12-1817

Local: fazendo do Engenho do Faria do distrito de Catas Altas da freguesia de Itaverava termo da Real Vila de Queluz, Minas e Comarca do Rio das Mortes em casas de morada do Testador José de Farias.

 

fls. 52v. - Abertura

Certifico que falecendo José de Faria, paroquiano desta freguesia, aos doze de Dezembro deste ano de mil oitocentos e dezessete, me foi entregue este Testamento (...).