PROJETO COMPARTILHAR

Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira

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ANA ANTÔNIA DE JESUS e JOSÉ BRÁS DE ALMEIDA

Inventário

 

 

Arquivo Histórico da Universidade Federal de Juiz de Fora

Cx.031 Ano: 1864 - Código: 1377 - Caixa: 196-B

Inventariada: Ana Antônia de Jesus e José Brás de Almeida

Inventariante: Silvestre José Soares

Local e ano: cidade do Paraibuna, 1864 (o resto está ilegível)//f.01

Transcrito e disponibilizado por Adonias Ribeiro Franco e Adair Franco dos Reis

 

f.02

09-04-1864

Diz Silvestre José Soares que falecendo d. Ana Antônia de Jesus, que foi casada com o finado cap. José Braz de Almeida, com solene testamento no mesmo nomeado (...) seu testamenteiro em 3º lugar e não tendo os dois primeiros aceitado, aceitou o suplicante (...) que para cumprir as disposições quer proceder ao inventário dos bens (...).

 

f.03

Testamento

 

Em nome de Maria Santíssima Jesus Maria José, digo, Ana Antônia de Jesus, que estando em meu perfeito juízo, mas gravemente enferma e receosa de morte, faço o meu testamento pela maneira e forma seguinte:

Declaro que sou natural de Santo Antônio da Bertioga e filha legítima do capitão Manoel Antônio dos Santos e de dona Maria Magdalena, ambos falecidos.

Declaro mais que sou casada em face da Igreja com o capitão José Braz de Almeida de cujo matrimônio não temos filhos vivos, por terem todos morrido por Deus assim ser servido.

Declaro, peço e rogo em primeiro lugar a meu marido o capitão José Braz de Almeida, em segundo lugar a meu mano Joaquim Antônio dos Santos, em terceiro lugar a meu compadre Silvestre José Soares que sejam meus testamenteiros; qualquer que seja e aceite pela ordem de nomeação que abono para tomar conta de tudo quanto me pertencer, e dar conta em Juízo deste meu testamento, no tempo de dois anos; sendo pouco se lhe dará o necessário para o poder fazer o que rogo a Justiça do Império (...).

Em recompensa de seus trabalhos ao que aceitar e cumprir este meu testamento, cumprindo minhas determinações, deixo de prêmio trezentos mil réis.

Declaro mais que, depois de cumpridas todas as minhas disposições, o restante do quanto me pertence deixo a meu marido – o capitão José Braz de Almeida - por meu universal herdeiro, de tudo quanto me pertencer.

Declaro mais que sou digna irmã da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmo, da cidade de São João d’El Rei, e de Nossa Senhora da Boa Morte da cidade de Barbacena, e do Senhor Bom Jesus de Congonhas do Campo; quais irmandades, meu testamenteiro pagará a quantia que hoje de dever não só estas como outras quaisquer que eu haja de dever, estas farão os sufrágios por minh’alma (...).

Declaro mais que meu corpo será envolto no hábito de Nossa Senhora do Carmo, com as insígnias do mesmo hábito, e o meu testamenteiro mandará fazer o meu enterro da forma que poder, o que deixo à sua disposição; mandando dizer dous oitavarios ( ) de missas por minh’ alma; idem dez missas por alma de meus pais; dez ditas por almas de meus escravos falecidos; e cinco ditas pelas almas do purgatório.

E declaro mais que meu testamenteiro, no dia de meu enterro, repartirá cinqüenta mil réis pela pobreza, com a intenção sempre aos mais necessitados do lugar onde moro.

Declaro que deixo ao meu afilhado Joaquim José de Almeida, o qual foi exposto em minha casa, cujo tenho criado como filho, o que o meu marido há de dar-lhe quando esteja com capacidade de negociar, dar-lhe nessa ocasião, sessenta mil rés e uma besta para o seu princípio. Declaro mais que à minha afilhada Ana Esméria, casada com Carlos Marcelino, sessenta mil réis.

Declaro que o meu testamenteiro dará para ajuda das obras da gloriosa Senhora Santa’Ana, da nova capela da Vargem Grande, quarenta mil réis, e ( ) mais para ajuda de imagens para a mesma capela, dez mil réis.

Declaro mais que a meus afilhados seguintes:

Rita filha de Feliciano Antônio Corrêa, Maria filha de Carlos Marcelino, Fausta, filha de José Joaquim de Brito Ferro, a cada uma dez mil réis.

Declaro mais que deixo à minha escrava de nome Joana, parda, guardada com o ônus de servir a meu marido, enquanto ele [for] vivo, e por sua morte ficará gozando liberdade, o que meus testamenteiros e dele meu marido passarão-lhe carta sem dispêndio da parte dela de um só real, tudo à custa de nossos bens.

Declaro mais que deixo à minha afilhada, filha do finado Joaquim Coelho Guimarães e minha sobrinha Maria Esméria para meu testamenteiro dar-lhe vinte mil réis. Declaro mais que meu testamenteiro dará à minha afilhada Maria, filha de minha afilhada Mathilde e esta filha de Maria Matolla, a cada uma vinte mil réis, sendo Mathilda mãe e Maria filha.

E nesta forma hei por findo este meu testamento e última vontade, e peço à Justiça de nosso Império de um e outro foro lhe dá em inteiro vigor e cumprimento e toda a validade, e se alguma falta ou clausura contra o direito aparecer, as julgo por não ditas. Sendo esta a minha última vontade, e sem constrangimento algum, digo, de pessoa alguma, e no meu próprio juízo, e feito por Joaquim Silvério Diniz a meu rogo, como pessoa pública, em o qual eu (...) assino pelo meu próprio punho. Hoje, vinte e um de fevereiro de mil oitocentos e cinqüenta e cinco = Ana Antonia de Jesus.

 

f.04 Aprovação.

Data e Local: 21.02.1855, distrito de São José do Rio Preto, município da vila de Santo Antônio do Paraibuna, comarca do rio do mesmo nome, província de Minas Gerais, em casas de morada do capitão José Brás de Almeida e da mesma testadora.

Testemunhas que assinaram:

José Rodrigues de Oliveira e Mello, José Pereira Barros, Matheus Herculano de Faria, Silvestre Fernandes Ennes, José Ignácio Nunes, todos moradores nesta mesma freguesia.

(... )